Repensar a Masculinidade

O feminicídio vem sendo cada vez mais comentado na mídia, pois vários casos estão acontecendo e sendo divulgados nos últimos tempos. E tais crimes tem características em comum: homens que não aceitaram o fim de um relacionamento, foram tomados por ciúmes ou ainda há a negação da autonomia das mulheres. Questões tão enraizadas na psique masculina que torna possível essa violência que pausa vidas femininas.

Falar em feminicídio não é apenas falar sobre um crime. É falar sobre uma cultura que educa homens para dominar, controlar e possuir. Desde pequenos, muitos aprendem através da educação familiar ou mesmo pela mídia, que demonstrar sentimentos é fraqueza, que não ter o poder e o controle significa perder a masculinidade. Ao mesmo tempo, esses ensinamentos associam o amor à posse, o ciúme ao cuidado, o controle ao afeto. Tudo isso resulta em uma masculinidade construída sobre a crença de que a mulher existe para pertencer.

O machismo estrutural também alimenta outros comportamentos: a desvalorização da mulher, a crença na superioridade masculina, o uso da força na resolução de conflitos. Estes aspectos psicológicos e culturais se retroalimentam quando não são questionados. Além disso, muitos homens não aprenderam a lidar com frustração, rejeição ou perda de poder. E quando a sociedade não oferece alternativas de masculinidade saudável, a violência vem à tona.

Por isso, sabemos que há uma necessidade de investir em educação emocional para meninos e homens, repensando os modelos de masculinidade. Espaços onde os homens possam falar sobre seus medos, suas frustrações e aprendam a lidar com tudo isso, é fundamental. A busca por esta reflexão também está na procura de um tratamento, como a psicoterapia. Através dela, é possível ressignificar todos os conceitos que tem autorizado homens a cometer violências contra as mulheres em nome do amor – este sentimento não mata. É preciso de um novo pacto social, onde ser homem signifique coexistir e não dominar.

A Fundação Universitária Mário Martins está aberta a ouvir para ajudar os homens a se sentirem mais seguros, para que a violência, o medo e todas as suas angústias sejam acolhidas e transformadas.

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